|
A Maternidade
nas Fazendas de Café do Brasil Império.
Mulheres e seus filhos nas Fazendas
de Café de São Paulo e do Rio de Janeiro. Fotografias
de Marc Ferrez, 1885-1890.
"A mulher escrava estava no centro
da reprodução do sistema escravista, aspecto
que foi exacerbado com o fim do tráfico e o estímulo
da formação de famílias. Na visão
senhorial, ela era, ao mesmo tempo, produtora e reprodutora
de riquezas. Esse entendimento esteve presente nos cuidados
com as mulheres grávidas e com seus bebês apresentados
por uma literatura normativa expressa tanto nos manuais de
administração de fazendas, quanto nos discursos
médicos e higienistas com forte disseminação
no período.
Muitas escravas vivenciaram a maternidade
ainda bem jovens, logo depois de assumirem atividades de trabalho
correspondentes à vida adulta.
Aos dez ou 11 anos, meninos e meninas
escravizados eram apresentados ao universo produtivo da roça,
com trabalhos semelhantes aos exigidos dos adultos. Isso significava
que eles deixariam as tarefas domésticas diárias,
como espantar moscas, carregar porcelana para o chá,
trazer água do poço, ser companheiros de brincadeira
para as crianças brancas, cuidar de outras crianças
escravas e ajudar suas mães em tarefas simples para
se tornarem trabalhadores regulares.
Havia também o medo da separação
das mães de seus filhos, por meio de vendas a outras
fazendas, sendo que somente em 15 de setembro de 1869 pelo
decreto 1695 passou a proibir a separação das
famílias escravas: “Art. 2º Em todas as
vendas de escravos, ou sejam particulares ou judiciais, é
proibido, sob pena de nulidade, separar o marido da mulher,
o filho do pai ou mãe, salvo sendo os filhos maiores
de 15 anos”. E, mais tarde, o discurso abolicionista
irá considerar este afastamento mãe-filho como
uma das grandes injustiças e males da escravidão
Fonte: MATERNIDADE E ESCRAVIDÃO
NAS PLANTATIONS CAFEEIRAS DO VALE DO PARAÍBA FLUMINENSE1
Mariana de Aguiar Ferreira Muaze
|
|