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Manuel
Raimundo Querino (1851-1923) foi um professor, e antropólogo
baiano.
Aluno fundador do Liceu
de Artes e Ofícios da Bahia e da Escola de Belas Artes,
pintor, escritor, abolicionista e pioneiro nos registros antropológicos
e da cultura africana na Bahia.
Aos quatro anos foi
apadrinhado por um professor da Escola Normal de Salvador,
Manuel Correia Garcia, já que uma epidemia do cólera
o deixara órfão em 1855.
Em 1868, foi recrutado
pelo Exército no Piauí e acabou servindo "na
escrita do batalhão" no Rio de Janeiro durante
a Guerra do Paraguai. Enquanto viaja pelo Nordeste à
procura de oportunidades, foi recrutado no Piauí, mas
“Graças à boa letra, à formação
intelectual e ao porte físico franzino, Querino é
designado para ficar na escrita do batalhão”
(Correio da Bahia) no Rio de Janeiro, chegando a Cabo de Esquadra.
Procurou, depois da
guerra, dedicar-se ao desenho e à pintura, estudando
no Liceu de Artes e Ofícios e na Academia de Belas
Artes, onde também trabalhava. Formou-se em Desenho
Geométrico e passou a lecionar no Liceu e no Colégio
de Órfãos de São Joaquim. Produziu dois
livros didáticos sobre desenho geométrico.
Na Política foi
republicano, liberal e abolicionista. Com Virgilio Damásio,
Spinola de Athaide e outros do grupo da Sociedade Libertadora
Sete de Setembro, assinou o manifesto republicano de 1870.
Fundou os periodicos
A Província e o Trabalho, onde defendeu os seus ideais
republicanos e abolicionistas. Combateu, na Sociedade Libertadora,
e com outros núcleos, ao lado de Porfilio Santa Cruz,
diretor da Gazeta da Tarde, Eduardo Carigd, Sergio Cardoso,
AnseImo da Fonseca, Frederico Lisboa, Rogaciano Teixeira,
e outros, todos empolgados pela campanha abolicionista na
Bahia.
Manuel Querino foi um
dos mais ativos trabalhadores do grupo, havendo escrito para
a Gazeta da Tarde sobre a eliminação do elemento
servil. Bateu-se pelas causas trabalhistas e operárias,
tornando-se um verdadeiro lider da sua classe, em campanhas
memoriveis que o conduziram a Camara Municipal.
Foi reformado administrativamente
em 1916. Amargurado e descrente da política, refugiou-se
no Matatu Grande, no aconchego de sua família e dos
seus amigos ou nas reuniões do Instituto Geográfico
e Histórico, onde pontificava Bernardino de Souza,
com a palavra cheia de entusiasmo pelas coisas do Brasil.
O Instituto Geográfico e Histórico acolhia carinhosamente
o brasileiro descendente de africanos, que tantas páginas
decisivas escrevera sobre o destino do seu povo em terras
do Novo Mundo.
Manuel Querino deixou
dois livros clássicos para a história e a etnografia
do negro brasileiro, além de livros sobre desenho e
artes: A Bahia de Outrora e A Raça Africana e os seus
Costumes na Bahia. Nesse contexto, Querino defendeu que o
"branqueamento" era desnecessário porque
os africanos já tinham civilizado o Brasil, e que os
negros eram capazes de realizar trabalhos sofisticados, ao
contrário do que se pensava. Nesse sentido, Querino
antecipou as ideias de Gilberto Freyre, que também
foi uma voz intelectual que defendeu o valor da cultura negra
no Brasil.
Faleceu em Salvador,
em 14 de feverei-ro de 1923. Fonte: Ramos. Artur. O Negro
na Civilização Brasileira. Rio de Janeiro, Casa
. Estudan-te . Brasil, 1956.
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