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A Temida Guarda Negra da Redentora

Criado após a Lei Áurea, a Guarda Negra da Redentora era um grupo político de militantes monarquistas, formado em sua maioria por negros livres dos centros urbanos, capoeiras, jornalistas, policiais e profissionais liberais, que combatiam violentamente o crescente Movimento Republicano nas Cidades do então Império do Brasil, sob a liderança do chefe capoeira Clarindo de Almeida, e o jornalista José do Patrocínio.

Segundo o Historiador Michael R. Trochim, a Guarda era uma espécie de "Maçonaria Negra" com código de juramento e reuniões secretas, tinha o apoio velado de importantes líderes póliticos do Partido Conservador, como o Conselheiro João Alfredo Correia de Oliveira.

Líderes Republicanos como Rui Barbosa, Silva Jardim, e Rangel Pestana, que foram agredidos por militantes da Guarda Negra nas ruas, acusavam os monarquistas e o Estado Imperial de estimularem uma "Guerra Racial" no Brasil

O Jornal "A Cidade do Rio" e a própria figura de José Patrocínio, passaram a ser identificados pela opinião pública como defensores violentos de uma monarquia em crise.

A Guarda Negra iniciou um verdadeiro culto à princesa Isabel, o chamado isabelismo e se reuniram em torno do Partido Conservador por sua gratidão a Princesa Isabel e o gabinete João Alfredo. Os estatutos da Guarda Negra ordenavam que os negros só trabalhassem em fazendas cujos proprietários não fossem hostis a Isabel e apoiassem o terceiro reinado.

Patrocínio passou a liderar a barreira de proteção à Regente, aparando todas as ofensas e ameaças contra ela. Mesmo formado nos princípios republicanos, mas por gratidão à Monarquia, José do Patrocínio queria impedir a ascensão republicana.

O declínio da Guarda Negra ocorreu no dia 14 de Julho de 1889, centenário da Revolução Francesa, quando capoeiras do grupo atacaram de surpresa os estudantes Republicanos na Capital do Império, armados de cacetetes e navalhas, ferindo inúmeros estudantes da passeata, chegando também a ferir o líder Republicano Lopes Trovão.

Os estudantes da Escola militar reagiram atirando nos capoeiras, ferindo alguns, o confronto porém não resultou em mortes. Rui Barbosa e Benjamin Constant denunciaram as ações da Guarda Negra como uma conspiração do Governo Imperial contra a Liberdade de Expressão.

Os membros da Guarda Negra foram aos poucos sendo presos pela Polícia e a Guarda Nacional, e seu antigo fundador José do Patrocínio, agora estava conspirando junto aos republicanos. As Vésperas do 15 de Novembro, os Capoeiras da Guarda Negra, sem apoio do governo Imperial e sem liderança, perderam sua força.

A Guarda Negra foi extinta logo após a Proclamação da República com dura repressão da Polícia. Floriano Peixoto declarou que uma das justificativas para o Golpe Militar de 15 de Novembro, foram os boatos de que Capoeiras e Soldados associados a Guarda Negra iriam atacar os quartéis do Exército Conspirador no Campo de Santana as vésperas do Golpe que Derrubou a Monarquia. Fonte: The Brazilian Black Guard: Racial Conflict in Post-Abolition Brazil

 
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