Os
Capoeiras da Corte Imperial
A Capoeira, uma arte
marcial de origem africana, tem registros da sua prática
no Brasil desde o século XVIII no Rio de Janeiro ,
Salvador e Recife . Devido ao crescimento das cidades, mais
escravos foram trazidos para os centros urbanos e o aumento
da vida social nas cidades tornou a capoeira mais proeminente
e permitiu que ela fosse ensinada e praticada entre mais pessoas.
Como a capoeira era frequentemente usada contra a polícia,
o governo tentou suprimir a arte marcial e estabeleceu punições
físicas severas para sua prática deste 1821,
porém a arte marcial africana ganhou adeptos entre
a elite brasileira e imigrantes portugueses .
Os grupos de capoeiristas
se juntavam em "Maltas".
Os capoeiras primavam
pela notoriedade o que é confirmado pelas fontes jornalísticas.
Na segunda metade do século XIX, as relações
entre o mundo militar e o universo da
capoeiragem se intensificaram. Desde a década de 1850,
a presença de capoeiras nas
corporações militares era um fato dado, a Guarda
Nacional tornara-se um refúgio natural dos capoeiristas.
Por ocasião da Guerra do Paraguai e no pós-1870
tem-se uma forte presença de capoeiras no exército.
Na Capital do Brasil
Império, os Nagoas e os Guaiamuns foram os dois maiores
grupos de capoeiras que dominavam o cenário urbano
do Rio de Janeiro a partir da segunda metade do século
XIX. Os Nagoas e os Guaiamuns como se identificavam, eram
maltas rivais que brigavam pelo espaço e o destaque
na sociedade carioca. Os Nagoas como o próprio nome
remete a Nagô, era formada somente por escravos africanos
onde era proibido a entrada de negros nascidos no Brasil,
mestiços ou brancos.
A violência das
maltas foi apoiada por grupos e membros dos partidos Conservador
e Liberal, que se utilizavam das mesmas como milícias
armadas para assassinar inimigos pessoais e desafetos políticos.
Os Nagóas eram
protegidos por membros do Partido Conservador, que recrutavam
estes bandos para invadir residências, lojas comerciais
ou jornais rivais. Já os Guaiamús eram apoiados
pelos liberais e depois escolhidos como guardas costas de
políticos contra as ameaças de membros do Partido
Conservador.
O fortalecimento do
Partido Republicano levou o gabinete de João Alfredo
de Oliveira (Partido Conservador) a dar apoio direto as maltas
de capoeiras da região da Lapa e Santana, que formariam
a temida Guarda Negra. Ela foi reunida por José do
Patrocínio, em 25 de setembro de 1888, na redação
do jornal Cidade do Rio, como um grupo de proteção
a Monarquia diante dos exaltados discursos de republicanos
nos comícios ao redor da cidade.
Após o golpe
militar de 15 de novembro de 1889 inicia-se uma repressão
sistemática aos
capoeiras, comandada por Sampaio Ferraz. No entanto, ele não
conseguiu acabar com o
‘capanguismo político” na cidade do Rio
de Janeiro. O Partido Capoeira, que visava influir
nos rumos políticos da Nação com a Guarda
Negra da Redentora, se extinguiu com o fim da Monarquia.
Fonte: Capoeira: A History
of an Afro-Brazilian Martial Art
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