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A Importância de André Rebouças na Abolição da Escravidão no Brasil

André Pinto Rebouças (1838-1898) nasceu na cidade de Cachoeira, região do recôncavo baiano, no dia 3 de janeiro de 1838. Filho do conselheiro Antônio Pereira Rebouças e da escrava alforriada Carolina Pinto Rebouças mudou-se para a Corte ainda criança, formou-se em engenharia e ensinou botânica, cálculo e geometria na Escola Politécnica do Rio de Janeiro.

Em 1854, André Rebouças ingressou na Escola Militar do Rio de Janeiro, concluindo o curso preparatório para oficialado em 1857 como 2° tenente. Bacharelou-se em 1859 em Ciências Físicas e Matemáticas pela Escola Militar da Praia Vermelha, obtendo o grau de engenheiro militar em 1860.

Além de sua notável carreira de engenheiro, junto de seu irmã Antônio Rebouças Filho, André Rebouças se destacou como um dos líderes do movimento abolicionista brasileiro.

A trajetória de Rebouças, como abolicionista, revela não apenas a sua contribuição intelectual no contexto do ideário da abolição, mas também a sua efetiva atuação no movimento desde os seus primórdios

Em novembro de 1880, ele já se envolvia na organização de um banquete oferecido ao Ministro dos Estados Unidos Henry Washington Hililard e, logo em seguida, tomava parte do grupo que fundou a Sociedade Brasileira Contra a Escravidão.

Nessa década, ele foi particularmente ativo na imprensa, onde escreveu inúmeros artigos na Gazeta da Tarde e certamente atuou como elemento influente na formação de uma sociedade abolicionista na Escola Politécnica, onde era professor.

Com José do Patrocínio, ele redigiu o importane Manifesto da Confederação Abolicionista em 1883 e finalmente foi ele quem rascunhou, em 1888, as bases da Lei
Áurea de 13 de maio. Sua discreta figura foi, de fato, uma presença marcante do processo abolicionista no Brasil.

Sua visão modernizadora, progressista e liberal levou-o a contrapor-se a todas as formas de escravização e não apenas àquela gerada pela instituição da escravidão negra. Suas idéias sobre a imigração. por exemplo, refletem a sua oposição à escravidão, dentro de um contexto muito mais amplo, o qual pressupunha evitar a"reescravização do imigrante pelos donos da terra' de acordo com a sua própria ex-
pressão.

Suas ideais receberam apoio e simpatia do Imperador Dom Pedro II e da Princesa Regente Dona Isabel, a quem Rebouças muito influenciou durante a Campanha Abolicionista, chegando a ajudar a família Imperial a abrigar escravos fugidos em Petrópolis

É fácil perceber-se, portanto, que nesse sentido, as propostas de Rebouças nunca estiveram restritas apenas à abolição do negro escravo elas se estenderam também em defesa de uma política econômica e social voltada para evitar outras formas alternativas de escravidão como aquela - segundo a sua visão - dos próprios fazendeiros, ao utilizarem o imigrante - colono como substituta do trabalho escravo. Em sua visão, este deveria se tornar proprietário de sua própria terra e não um mero cultivador da terra alheia. Para que a utopia se tornasse realidade, mister se fazia, segundo a visão de Rebouças, promover um programa social e econômico direcionado para a redistribuição da terra através da eliminação da grande propriedade e a introdução da pequena pressupostos basilares pano estabelecimento. no pais de sua "democracia rural brasileira"

Além dos projeto base da Lei Áurea, Rebouças elaborou um extenso projeto educacional para capacitar os trabalhadores brasileiros, sobretudo quando o debate abolicionista ganhou força. Por ter sofrido diversos atos de preconceito racial em função de ser negro, Rebouças ressaltava sua preocupação com os negros libertos que com o advento da abolição precisariam receber “instrução e trabalho”.

Entendia que ensino em nível técnico e a especialização profissional eram a base para uma mudança de caráter social e econômico do Brasil. Segundo ele, democratizando a atividade rural e universalizando o ensino primário, secundário e técnico entre a população degradada, seria possível pensar um país mais moderno, industrial e forte economicamente, capaz de deixar para trás o atraso social: "Necessitamos de instrução e capital. E como não é possível construir escolas, comprar livros e pagar mestres sem capital, é preciso resolver simultaneamente o problema do capital e o problema da instrução: “não se pode ensinar a ler quem tem fome"

Após o golpe militar que derrubou a Monarquia em 1889 André Rebouças acompanhou a Família Imperial Brasileira ao Exílio pois não via a possibilidade de seus planos sócio econômicos se concretizarem em Republica implantada com o apoio da elite cafeeira.

Fonte: A QUESTÃO ABOLICIONISTA NA VISÃO DE ANDRÉ REBOUÇAS. Joselice Jucá. Pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco.

 

 
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