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PREFEITURA MUNICIPAL DE URUGUAIANA

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Os Africanos da Corte Imperial

" A Capital do Brasil Império estava cercada pelo ambiente rural, e a escravidão estava em qualquer parte. Portanto, a elegância européia convivia com o odor das ruas, era uma corte marcada pelas cores e costumes africanos.

As comemorações cívicas, as cerimônias de coroação e os cortejos imperiais, eram saudados com batuques e congadas, contrastando com as manifestações da etiqueta da corte. O catolicismo dos reis misturava-se com a religiosidade dos escravos africanos. Estes tinham uma grande participação nas festas religiosas, e ganhava mais destaque quando se tratava da padroeira deles, a Nossa Senhora do Rosário

Quase todos os estrangeiros que passaram pelo Rio de Janeiro no século XIX se surpreenderam com a multiplicidade de ofícios exercidos por escravos e libertos africanos nas mas e mercados da cidade.

Em 1822, a inglesa Maria Graham estimou que praticamente metade dos cativos ao ganho do Rio eram africanos recém-importados que carregavam todo tipo de mercadoria, desde sacas de café e sal até pesados pianos. Os pregões de Londres eram "ridicularias" quando comparados aos da capital brasileira, dizia o norte-americano Thomas Ewbank na década de 1840. Em todo canto, homens e mulheres negros anunciavam verduras, frutas, aves, ovos, flores, doces, roupas, bijuterias e uma infinidade de peças, que carregavam em cestos ou em grandes arcas de lata equilibradas à cabeça.

Nas "áreas abertas da cidade", negras livres negociavam em "barracas de mercado" e, ao seu redor, reuniam fregueses, quitandeiras com os inseparáveis tabuleiros e negros que paravam apenas para "saber o que se passa"

Desses registros também sobressai a especificidade étnica ligada a algumas ocupações urbanas. Os minas pareciam monopolizar o comércio ambulante e o carregamento de mercadorias pela cidade. Segundo Ewbank, tanto os minas como os moçambiques eram os mais numerosos e considerados os melhores mercadores ambulantes do Rios. Charles Rybeirolles, ao descrever a corte Imperial entre os anos de 1858 e 1861, notava que da rua São Bento, "grande entreposto de café", partiam os "negros minas atléticos, mármores vivos, que fazem o transporte dos armazéns"

Já os naturalistas Luiz e Elizabeth Agassiz, chegados ao Rio em 1865, foram seduzidos mesmo pelo "exotismo" e a distinção das quitandeiras minas, que sempre traziam "a cabeça coberta com um alto turbante de musselina e um longo xale de cores brilhantes, ora cruzados sobre os seios ora negligentemente atirados ao ombro". Elizabeth dizia sentir "grande prazer em contemplá-las na rua ou no mercado, onde se vêem em grande número, pois as empregam mais como vendedoras de frutas e legumes que como criadas". Fonte: Entre Bailes e Batuques: A Corte "Afrancesada" de Dom Pedro II.

Imagem: “Negros da Rua Uruguaiana, Rio de Janeiro", pintura de Emil Bauch, 1858

 
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