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O maestro negro abolicionista que foi um dos maiores músicos do Brasil Império

O compositor e maestro Henrique Alves de Mesquita (1830-1906) foi um dos músicos mais influentes do Brasil Império e do século XIX como um todo. Machado de Assis, em uma de suas primeiras crônicas, o descreveu como o “possível Beethoven brasileiro”.

Regente, trompetista e organista carioca, Mesquita foi um músico de formação erudita do mais alto nível. Diplomado no Instituto Nacional de Música com medalha de ouro nos cursos de órgão e contraponto aos 27 anos, ele recebeu como prêmio uma viagem para Europa a fim de continuar seu desenvolvimento artístico, tendo sido o primeiro músico do país a ganhar uma bolsa de estudos oficial. Assim, Mesquita partiu para o Conservatório de Paris (então a mais prestigiada instituição de ensino musical do mundo na época) com apoio de Dom Pedro II, que era seu admirador, no ano de em 1857 — isto é, 31 anos antes da abolição.

Ele viveu na França por nove anos, onde compôs obras importantes, como a ópera O Vagabundo e a abertura sinfônica L’Étoile du Brésil. Sua estadia provavelmente teria sido maior, mas Mesquita foi condenado por “atentado ao pudor” ao tentar “seduzir uma jovem mulher casada” e passou três anos na prisão, sendo excluido da rede de protegidos do Imperador.

O ocorrido nunca foi bem explicado pelos historiadores e os documentos do processo foram destruídos em um incêndio no Arquivo Nacional de Paris. Muitos livros e matérias jornalísticas sobre o músico narram o ocorrido como uma simples “confusão” ou “encrenca”, mas parece altamente provável que sua prisão tenha tido também motivações racistas.

Anos após o retorno da França, ele se tornou professor do Instituto Nacional de Música e passou a produzir peças com fortes influências de jongo, lundu, batuques e outras músicas populares.

Segundo o seu biógrafo Antonio Augusto, as músicas de Mesquita eram trilha sonora de vários eventos abolicionistas. O compositor foi um militante abolicionista e fez músicas para a causa, também escreveu peças para o movimento, como o hino do Centro Abolicionista Ferreira de Menezes e a polca “Fugitiva”, dedicada ao presidente do Centro, José do Patrocínio.

Mesquita ainda é considerado o pioneiro do tango brasileiro, uma espécie de “abrasileiramento” da habanera cubana e do tango espanhol.

Mesquita influenciou vários músicos importantes. Chiquinha Gonzaga, por exemplo, dedicou seu tango “Só no Choro” (1889) “ao maestro Henrique Alves de Mesquita” e Ernesto Nazareth o homenageou no “Mesquitinha” (1914). São duas reverências que apontam para o papel do compositor no pioneirismo no chamado tango brasileiro.

Atualmente Mesquita é um dos patronos da Academia Brasileira de Música." Fonte: O maestro negro abolicionista que foi um dos maiores músicos do Brasil Império. https://volumemorto.com.br/henrique-alves-mesquita-maestro-negro/

Exemplos de sua obra musical: https://youtu.be/hy6vEx7sDOg

https://youtu.be/sf1nhLyLoy8

 

 


 
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