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O
Homem de Cor de maior Prestígio do Brasil Império
Francisco de Sales Torres
Homem (1812-1876), Visconde de Inhomirim, foi um advogado,
jornalista, diplomata, escritor e médico.
"Nascido no Rio
de Janeiro em 1812, era filho ilegítimo de um padre
Apolinário Torres Homem e de uma quitandeira chamada
Maria Patrícia, uma mulher negra alforriada. Porém,
a despeito dos preconceitos que certamente o vitimaram naquela
época, ele conseguiria se impor socialmente, em grande
parte devido à sua enorme capacidade de trabalho e
inteligência.
Sales Torres Homem formou-se
em medicina no Rio de Janeiro aos 20 anos de idade, e em direito
em Paris aos 23. E também foi um dos principais jornalistas
de seu tempo, além de, no início de sua vida
pública, atuar no partido Liberal. Entretanto, acabou
se radicalizando politicamente, o que o levou a participar,
como rebelde, da Revolução Liberal de 1842,
foi preso pelas forças legalistas e, algum tempo depois,
deportado para a Europa e anistiado em 1844.
Em 1848 escreve um devastador
panfleto contra a monarquia brasileira, intitulado “O
libelo do povo”. Nele, dirige pesadíssimas críticas
a todos os soberanos da dinastia de Bragança, bem como
à casa real das Duas Sicílias, da qual descendia
a Imperatriz Teresa Cristina, e profetiza a queda do Império
(o que, de fato, acabaria acontecendo cerca de quatro décadas
mais tarde).
Impressionado com as
brilhantes reflexões que Torres Homem produzia acerca
da situação financeira do Brasil, Dom Pedro
II preferiu ignorar o passado revolucionário do talentoso
economista, e utilizou a sua própria influência
de soberano para fazer com que ele fosse indicado para assumir
o novo ministério da fazenda, em 1858
Torres Homem foi dos
homens mais influentes da economia brasileira da época,
além de também vir a fazer parte do Conselho
de Estado do Imperador, e de assumir a presidência do
Banco do Brasil em 1866. Dessa forma, foi também o
único homem de cor a comandar a economia brasileira
Também se tornaria
um dos grandes precursores da campanha abolicionista no país,
e um dos maiores responsáveis pela aprovação
da lei do ventre livre, de 28 de setembro de 1871.
Por conta de sua postura
na defesa dos negros durante as discussões da Lei do
Ventre Livre no Senado do Império, recebeu do Imperador
Pedro II, que tanto criticou, a Imperial Ordem de Nosso Senhor
Jesus Cristo em 1871 e o título de título de
Visconde de Inhomerim em 1872 - ironicamente, ele havia, no
passado, também criticado o que ele chamou de "'nobreza
achinelada', mal nascida e pobretona que vivia 'à fiuza
do orçamento'"
O Visconde de Inhomirim,
além de ter formação em Medicina e Direito,
era poliglota, sabendo, além do português, francês,
inglês e latim. Também pertenceu a várias
Associações Científicas, foi membro do
Instituto Histórico Brasileiro e membro do Instituto
de França. Era casado com Isabel Alves Machado. A fazenda
da família dela era banhada pelo rio Inhomirim, de
onde veio seu nome nobre.
Torres Homem se preocupava
muito com a aparência - segundo o próprio, era
"preciso não deixar aos medíocres e tolos
sequer essa superioridade: trajarem bem. As exterioridades
têm inquestionável importância", se
justificando com o fato de que seria muito mais difícil
alguém atentar contra a vida de um homem bem vestido.
Alfredo d'Escragnolle Taunay, o Visconde de Taunay, descreveu
Torres Homem como, apesar de um físico pouco atraente,
uma figura elegante e de temperamento simpático e divertido.
O padre João Manuel de Carvalho o descrevia de forma
semelhante, com cara de poucos amigos, carrancudo, mas que
ao se conversar com ele, era cordial e despretensioso, diferente
do que se poderia achar ao vê-lo a distância."
Fonte: O Visconde de Inhomirim: o brilhante e famoso tio mulato
de Carlos Alves e Augusto Glória/ Três Panfletários
do Segundo Reinado. Academia Brasileira de Letras
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