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CÂNDIDO
DA FONSECA GALVÃO : OBÁ II D’ÁFRICA
OU DOM OBÁ
Cândido
da Fonseca Galvão, mais conhecido por Obá II
D’África e Dom Obá. Nasceu, possivelmente
em 1845 em Lençóis, na Bahia. Filho de Benvindo
da Fonseca Galvão, africano forro da nação
iorubá. Foi um militar brasileiro, possuía a
patente de alferes.
No Império, assim como na Colônia, o serviço
militar não era obrigatório. Porém com
a emergência da Guerra do Paraguai, o Brasil Império,
a partir de 1865 cria um sistema de recrutamento e alistamento
para guerra. Dias antes da assinatura do decreto que criaria
o voluntário da pátria, em 02 de janeiro de
1865; Cândido da Fonseca Galvão, jovem negro
de família abastada, provavelmente adquirida nas lavras
dos diamantes; movido por sentimento nacionalista, alistou-se
voluntariamente no exército, para lutar na guerra do
Paraguai. Neste período, havia na prática, um
recrutamento forçado das camadas mais humildes, mormente
negros, índios e mestiços.
Neste contexto, Galvão se distingue. A Guerra do Paraguai
constituiu-se em oportunidade para o jovem negro exercitar
suas qualidades de liderança. E neste cenário,
devido a sua grande bravura, foi condecorado como oficial
honorário do Exército brasileiro.
O Rio de Janeiro com o prestígio político da
Corte, e com a prosperidade adquirida com a lavoura cafeeira,
configurava-se como região de melhores condições
de trabalho e de vida. Estes atrativos fizeram com que Galvão,
em meados de 1870, deixasse Salvador e se fixasse na capital
do Império.
É no Rio de Janeiro que Galvão, o Dom Obá,
torna-se uma figura folclórica, e para alguns, um tanto
quanto caricata da sociedade carioca. Porém, independente
das contradições em relação a
este personagem, efetivamente era reverenciado como um príncipe
real por vários afro-brasileiros, escravizados ou livres
que viviam nos subúrbios da capital do Império.
É também neste cenário, em fins do século
XIX, que Dom Obá transforma-se em um dos pioneiros
na luta pela igualdade racial no Brasil. Passa a escrever
artigos nos jornais da corte, onde defendia a monarquia brasileira,
o combate ao trabalho escravo, dentre outros assuntos relevantes
para época. Participava fervorosamente dos debates
intelectuais do período. Tinha admiração
por D. Pedro II. Era um dos primeiros a chegar às suas
audiências públicas. Falava diretamente com o
imperador sobre suas inquietações, sonhos e
perspectivas. Nestas oportunidades, procurava o apoio de D.
Pedro II para seus projetos. Dom Obá atuou na campanha
abolicionista e andava com farda de gala, cartola elegante,
luvas brancas e chapéu de alferes, em um período
em que poucos negros andavam calçados. E neste contexto,
era considerado referência para os escravizados que
buscavam liberdade ao mesmo tempo em que para outros, que
consideravam seus hábitos extravagantes, por estes
era considerado meio “amalucado”.
Tendo em vista sua admiração pelo imperador,
com a queda do Império em 1889, os republicanos cassaram
seu posto de alferes. Meses depois morreu, em julho de 1890.
Fonte:http:antigo.acordacultura.org.br/herois/heroi/domoba
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